domingo, 31 de março de 2013

Moinhos de Gastar Gente


Moinhos de Gastar Gente
1ª. Frase: “A expansão do domínio português terra adentro, na constituição do Brasil, é obra dos brasilíndios ou mamelucos” (p. 106)
Darcy Ribeiro cita que os brasilíndios ou mamelucos se organizavam em bandos e buscavam no fundo dos matos os índios para escraviza-los, onde os comercializavam e os utilizavam também para caçar, pescar, cozinhar e como peças de carga.
As índias que engravidavam de brancos ou lusitanos eram expulsas de sua tribo, e o bebê era renegado pelo seu pai. Os índios tinham suas tribos no fundo das matas, e os portugueses ocupavam o litoral e entre esses se colocavam os mamelucos, porque era uma terra de ninguém. Os mamelucos circulavam por toda a parte, pois conheciam a “cidade” e a mata. Como eles conheciam a mata, ia até as profundezas dessas em busca de índios para escraviza-los, onde os usavam ou vendiam esses, para carregamento todo o tipo de carga ao longo do caminho, e também prestavam serviços aos portugueses como mateiro.
2ª. Frase: “Não podendo identificar-se com uns nem com os outros de seus ancestrais, que o rejeitavam, o mameluco caía numa terra de ninguém, a partir da qual constrói sua identidade de brasileiro”.
O autor diz que foi criada uma nova raça de humano, um agregado, onde não se identificava e nem era visto como os índios, europeus ou negros. Tinham sua própria cultura.
O mameluco não se via como índio, negro ou europeu, e também era rejeitado por eles. Os europeus e índios ocupavam a faixa litorânea, e o índio a fundo das matas e o que restava para os mamelucos era essa faixa de terra que ficava entre esses povos, onde inicialmente não era ocupada por ninguém, por isso a expressão terra de ninguém. Estabelecido então naquela terra de ninguém, formou uma nova sociedade, criando uma nova cultura, falando sua própria língua.
3ª. Frase: “Encontrando-se dispersos na terra nova, ao lado de outros escravos, seus iguais na cor e na condição servil, mas diferentes na língua, na identificação tribal e frequentemente hostis pelos referidos conflitos de origem [...]”.
O autor cita que a África era uma Babel de línguas onde cada tribo tinha um dialeto e essas na maioria das vezes rivais. Os negros retirados de sua terra mãe eram trazidos para o Brasil e nesse percurso eram alocados com outros de tribos rivais tanto nas propriedades quanto nos navios negreiros.
Os negros foram trazidos ao Brasil como escravos, onde ainda na África eram prisioneiros de conflitos entre tribos. Esses foram vendidos aos europeus e muitos deles arrancados de suas tribos para comercialização. Por falarem dialetos diferentes eram transportados em meio aos seus rivais, o que dificultava a formação de uma rebelião, e enfraquecia suas mentes. Ao chegarem no Brasil, longe de suas raízes, sem família, sem comunicação, escravizados, perderam muito da sua cultura original e acabaram aprendendo o português com os portugueses que lhes gritavam.
4ª. Frase: “Todo negro alentava no peito por uma ilusão de fuga, era suficientemente audaz para, tendo uma oportunidade de fugir, sendo por isso supervigiado durante seus sete a dez anos de vida ativa no trabalho”.
Conforme o autor o negro escravizado, só poderia sair pela porta da morte ou da fuga, pois destino do negro era morrer de estafa, pois era sua morte natural,
 A violência utilizada contra o negro escravizado era tão cruel e permanente, que ele sabia que se não fugisse o seu destino seria morrer de estafa, então eles preferiam morrer prematuramente durante uma fuga a continuar nesse inferno penoso. Os feitores utilizavam de castigo chicotada    s soltas para que trabalhassem atentos e tensos e durante a semana tinha um castigo preventivo para que eles não pensassem em fuga, muitos desses castigos eram a mutilações de dedos, do furo de seios, queimaduras com tição, de terem todos os dentes quebrados, enfim quem não tentaria uma fuga?
5ª. Frase: “Por longo tempo, a população básica desses núcleos coloniais neobrasileiros exibiria uma aparência muito mais indígena que negra e europeia [...]”
O autor coloca que os neobrasileiros exibiam essa aparência, pois mantinham os costumes indígenas, pois moravam, comiam, tinham a visão do mundo e falavam o idioma deles.
Por muito tempo os neobrasileiros mantiveram as características indígenas, tais como a alimentação, adaptação à natureza, conservação de antigas tradições, o idioma Tupi, o modo de viver, ou seja, viviam como índios em alguns aspectos, a diferença que esses neobrasileiros comercializavam não apenas para a sua subsistência, mas para prover-se de bens. Após organizaram-se em novas comunidades, para o desenvolvimento e crescimento dessa nação.
6ª. Frase: “Naquela busca de sua própria identidade, talvez até se desgostasse da ideia de não ser europeu, por considerar, ele também como subalterno tudo que era nativo ou negro”.
O autor cita que o brasileiro começou a surgir e a partir da estranheza que provocava no lusitano e pela identificação como membro das comunidades socioculturais novas, e sentia-se inferior ao lusitano, por ter a origem negra ou indígena.
Podemos dizer que talvez o primeiro brasileiro tenha sido o mameluco, pois os índios, africanos e portugueses não se consideravam brasileiros, e o mameluco por ser um ninguém, assumiu essa identidade. A formação do povo brasileiro se deu pela mistura das raças, criando as etnias: índio+negro = curiboca, índio+branco= caboclo, mameluco ou brasilíndio, negro+branco = mulato. Por ter origem negra ou indígena, o brasileiro se sentia inferior ao lusitano, ainda por carregar a imagem de serviçal. Sendo então criada uma nova protocélula cultural.
Resumo
A expansão do domínio português na constituição do Brasil é obra dos brasilíndios ou mamelucos.
Os mamelucos surgiram a partir da gestação do branco ou lusitano com a índia, onde foram rejeitados pelos pais e as índias expulsas de suas tribos. Esses acabaram criando suas próprias tribos e utilizavam suas habilidades irem ao fundo dos matos para capturar o índio, tanto para comercializa-los com os brancos, quanto para seu uso próprio, ou seja, para que lhes abrissem roças, caçassem, pescassem, cozinhassem e carregassem toda a carga.
A rejeição de suas famílias fez o mameluco perder a identidade, pois não se reconhecia nos índios nem europeus, criando então uma nova sociedade e consequentemente uma nova cultura.
Os Afro-Brasileiros
Os negros foram trazidos para o Brasil, como escravos, pois foram capturados por tribos rivais e comercializados por eles. Como falavam dialetos diferentes, era mais fácil de evitar uma rebelião, pois não conseguiam se comunicar e por esse motivo foi mais fácil aprender o português e perderem muito de sua cultura original.
Aqui eram maltratados e torturados, pois seus donos lhe enfraqueciam a mente para que eles ficassem sempre submissos e oprimidos. Sua vida ativa de trabalho ficava entre sete a dez anos e nesse período era supervigiado para que não fugisse. Muitos deles tinham a ilusão de fuga, mesmo podendo morrer nessa tentativa arriscada, pois a morte, suicídio, às vezes era a saída que eles encontravam para se livrarem do inferno em que viviam.
Isso faz com que carregamos essa terrível herança: a cicatriz de torturador, pois somos descendentes de escravos e senhores de escravos.
Os Neobrasileiros
Os mamelucos se desenvolveram e criaram uma própria cultura, mas dependiam de alguns artigos importados como sal, pólvora, instrumentos de metal, então trocavam pelo material que eles tinham incialmente o pau-de-tinta, depois o índio e finalmente alguma mercadora de exportação.
Eles exibiam uma aparência mais indígena que negra e europeia, pois mantiveram os costumes indígenas, tais como moradia, alimentação, idioma tupi e visão do mundo.
Com o crescimento dessa população, organizaram-se em novas comunidades, para o desenvolvimento e crescimento dessa nação.
No século XVIII o idioma Tupi é substituído pela portuguesa, sendo então essa considera a língua materna dos brasileiros.
No decorrer dos séculos ocorre o processo de sucessão com a tecnologia produtiva, pois inicialmente era quase só indígena. Esse processo passa por técnicas europeias integrando-se na economia mercantil e se moderniza.
Essa evolução ocorre também com as casas dos nos núcleos, onde deixam de ser grandes moradias que abrigavam centenas de pessoas e agora abrigam pequenas famílias, trazendo a técnica de edificações e consequentemente empregos.
Então ocorre a formação da população colonial onde se destaca uma camada superior, formada por três setores letrados: uma burocracia colonial comandada por Lisboa, que exercia as funções de governo civil e militar; religiosa e a economia e exportação representada por agentes de casas financeiras e de armadores, formando uma subestrutura da rede europeia, intermediada por Lisboa.
Os Brasileiros
O nome Brazil geralmente identificado como pau-de-tinta é na verdade o nome mais antigo. A ilha Brasil também é citada em velhas cartas e lendas por pescadores, mas com o descobrimento da nova terra esse nome foi quase que imediato embora os portugueses tivesse sugerido outros nomes.
O Brasileiro começou a surgir e a reconhecer-se a si próprio pela diferença e estranheza que causava ao lusitano.
 Podemos dizer que talvez o primeiro brasileiro tenha sido o mameluco, pois os índios, africanos e portugueses não se consideravam brasileiros, e o mameluco por ser um ninguém, assumiu essa identidade. Logo surgiu o mulato, e junto com os mamelucos formaram a maioria da população passaria ser vista como gente brasileira.
Esses núcleos eram totalmente diferentes do europeu e manteve a herança recebida pelo mameluco dos índios, onde aprenderam a identificar, denominar, classificar e usar toda a natureza tropical, tanto o que era comestível quanto o que era venenoso. Aprenderam com os índios a fabricar utensílios de cerâmica, trançar esteiras e cestos, construir as casas mais simples ajustadas ao clima, etc.
O surgimento da etnia brasileira foi: índio+ negro = curiboca, índio + branco = caboclo, mameluco ou brasilindio e negro com branco = mulato.
Assim cada uma dessas pessoas deixaram de ser um ninguém e passou a ser reconhecido como brasileiro devido a essa identidade coletiva.

Enfrentar as incertezas


Enfrentar as incertezas
Antes do século XX, acreditava-se que em um futuro repetitivo ou progressivo, mas após descobriu-se que ele permanece aberto e imprevisível.
Essas incertezas ocorreram devido à velocidade e à aceleração dos processos complexos e aleatórios.
Essa evolução organiza-se e desorganiza-se, de modo que poderá também trazer destruições, portanto a historia não possui uma evolução linear.
Surge então o homem, confrontado a todos os lados pelas incertezas, onde a mudança no mundo é constante. É por esse motivo que devemos reforçar a educação voltada para essas.
A realidade não é facilmente legível, mas não é outra senão nossa ideia de realidade, portanto não importa ser realista no sentido complexo: é necessário compreender a incerteza do real.
É necessário construir o conhecimento de nossos alunos, mas deixando-os cientes que o conhecimento é uma navegação em um oceano de incertezas, entre arquipélagos de certezas.
A Ecologia da ação é o resultado da ação de um indivíduo quando essa escapa de suas intenções. Ela tem um efeito bumerangue, nos obrigando a seguir a ação, a tentar corrigi-la. Mas a grande incerteza de enfrentar essa compreende três princípios: o circuito risco/precaução, circuito fins/meios, circuito ação/contexto.
Em curto prazo podemos considerar ou calcular a certeza de uma ação, mas em longo prazo são imprevisíveis. Sendo assim, nenhuma ação está segura de ocorrer no sentido de sua intenção.
Existem dois meios para enfrentar a incerteza da ação: o primeiro é totalmente consciente da aposta contida na decisão, o segundo recorre à estratégia.
A escolha refletida de uma decisão, a plena consciência da incerteza torna-se plena consciência de uma aposta. A estratégia elabora um cenário que examina as certezas se incertezas da situação, as probabilidades e as improbabilidades.
O fato é que estamos cercados de incertezas, e o desafio que temos é lidar com elas, ensinando nossos alunos a lidar com o imprevisto, evitando frustrações, pois é nas situações imprevistas que desenvolvemos nossas habilidades e capacidades.


Referencia:

Morin, Edgar - 

Educação Humanista


Educação Humanista
Podemos considerar o humanismo como todo o pensamento moderno que surgiu juntamente com a Renascença, período onde se recupera algo que foi perdido da cultura grega e que apenas os árabes conservaram.
 Nesse período o homem é o centro (antroprocentrismo) e com conhecimento próprio. Existe um otimismo em relação ao ser humano e sua percepção sobre a pessoa é um elemento positivo. Recupera-se então a ideia que o homem foi criado igual a semelhança de Deus, onde toda a pessoa é boa e toda a criança que nasce é perfeita e as que morrem antes dos sete anos são anjos.
Na visão naturalista, a observação da vida é pelo que acontece na natureza, prezando os ritmos diferentes de aprendizagem do indivíduo, assim como cada planta tem necessidades diferentes.
No aspecto empírico a valorização da existência secular e terrena não despreza o religioso, mas começa a valorizar as coisas do mundo, com isso, começa a mudar a mentalidade medieval para renascentista. Nesse momento é esquecida a ideia de vida eterna e inicia-se a preocupação com a saúde e como podemos fazer para curá-la.
Na renascença se descobre a possibilidade da pessoa ser humana e a importância do afeto. A curiosidade os remete a busca por mais conhecimento, e a pessoa não se contenta em ficar presa apenas ao que sabe e assim vai à busca de mais sabedoria. Existe a liberdade de pensar, não se reproduz, mas se cria.
A visão é que o ensino deve ser alegre e prazeroso, então se começa a quebrar o paradigma do dualismo. A separação do belo e feio revela as coisas que são belas e então a mulher começa se vista de outra maneira na sociedade.
Nessa época é feito então a interpretação: ocorre a ruptura radical da época medieval e ao mesmo tempo coexisti a época medieval e a renascença, assim a Idade Moderna não começa do zero, como se não existisse passado, mas o modifica no que não estava bom.
A renascença se diferencia da matriz cristã antiga. O ser humano começa tomar consciência de seu valor e de sua importância, onde as coisas mudam a partir do homem.
Com a liberdade, passa a existir uma diversidade de ensinar, um pluralismo, o sentimento de ver novos horizontes.
Os dez mandamentos religiosos perdem força e não são eles que regem mais a vida das pessoas. Elas que determinam suas regras e a forma de convivência, sendo o homem o criador de sua história.
No contexto sócio histórico acontecem três grandes movimentos:
  1. Renovação religiosa: pré reformadores, reforma e contra reforma;
  2. Pensamento técnico científico;
  3. Movimento Humanista
Surgem os primeiros movimentos de lutas e acontece a guerra de 100 anos – França x Inglaterra. As forças dos restados se unem formando nações.
Os pré reformadores, John Wyclif, Oxford, criam movimentos de escolas e Universidades não serem exclusivas da burguesia. Nesse período a bíblia é traduzida do latim para língua inglesa para que todos tenham acesso ao livro sagrado e as bibliotecas dos mosteiros são abertas para a população em geral. Com isso John Wyclif é condenado e morto.
Na reforma protestante, Lutero escreve 1500 frases e prega na porta da Igreja. Essas teses desencadeiam uma mudança na Alemanha e depois em toda a Europa. Ele afirma que toda a pessoa é salva pela fé, pela prática e não se compra perdão com dinheiro.
Lutero e Melanchton trabalham para a implantação da escola primária para todos, defendendo que a educação deve ser publica.Organiza a didática com jogos, exercícios físicos, música, valorizando a literatura. Recomenda o estudo de história e matemática.
Na contra reforma, o Papa incentiva movimentos contra reforma. Nesse período Inácio de Loiola é ferido e no seu leito de morte conversa com Deus. Milagrosamente ele é curado através da sua fé então em agradecimento ele cria a Cia de Jesus, onde a principal obra é criar escolas para combater a reforma. Esse movimento é chamado de Jesuitas e chegam ao Brasil em 1549.
O Humanismo é um período onde o homem toma consciência de si. A ideia é de não se contentar com pouco, mas aproveitar todos os momentos, aprendendo o máximo possível para se tornar excelente naquilo que se aprende. Com isso passa a fomentar a concorrência entre os alunos pela busca da excelência e o professor deve utilizar como meio pedagógico o fato que os alunos não querem ser perdedores numa disputa. Esse método é chamado de Disputátio, visando um método correto e disputa no ensino.
Erasmo de Roterdam (1466 – 1536) – Dizem que era filho de padre e então foi abandonado e acabou sendo criado por outro padre.
Faz uso de sua experiência de vida, em teoria educacional. Usa como exemplo a roldana que consegue levantar algo muito pesado com pouco esforço. Com essa metáfora ele utiliza esse método como correto e ordem nos estudos: aprender um pouco de cada vez e rememorar sempre o que se aprendeu.
Na educação humanista o que fica de significativo é realmente a transformação social, cultural e econômica e religiosa que acontece. Nesse contexto os povos se abrem para receberem outros costumes, valores, outras formas de pensar. Com isso o homem passa a se valorizar e tornar-se o “centro” do universo.
Dessa forma a educação humanista acaba se organizando e preocupando-se com a educação Universal e pública, onde todos devem ter acesso ao ensino e não apenas a burguesia. Dessa forma a sociedade também se organiza em vários níveis.
Graças a esse movimento do passado, hoje todas as crianças no Brasil tem acesso à educação no ensino fundamental.
REFERÊNCIAS:
ARRUDA, Maria Lúcia Aranha, História da Educação. São Paulo: Moderna, 2002
GADOTTI, Moacyr, Histórias das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Moderna, 2002