Moinhos
de Gastar Gente
1ª.
Frase: “A expansão do domínio português terra adentro, na constituição do
Brasil, é obra dos brasilíndios ou mamelucos” (p. 106)
Darcy
Ribeiro cita que os brasilíndios ou mamelucos se organizavam em bandos e buscavam
no fundo dos matos os índios para escraviza-los, onde os comercializavam e os
utilizavam também para caçar, pescar, cozinhar e como peças de carga.
As
índias que engravidavam de brancos ou lusitanos eram expulsas de sua tribo, e o
bebê era renegado pelo seu pai. Os índios tinham suas tribos no fundo das matas,
e os portugueses ocupavam o litoral e entre esses se colocavam os mamelucos,
porque era uma terra de ninguém. Os mamelucos circulavam por toda a parte, pois
conheciam a “cidade” e a mata. Como eles conheciam a mata, ia até as
profundezas dessas em busca de índios para escraviza-los, onde os usavam ou
vendiam esses, para carregamento todo o tipo de carga ao longo do caminho, e
também prestavam serviços aos portugueses como mateiro.
2ª.
Frase: “Não podendo identificar-se com uns nem com os outros de seus
ancestrais, que o rejeitavam, o mameluco caía numa terra de ninguém, a partir
da qual constrói sua identidade de brasileiro”.
O
autor diz que foi criada uma nova raça de humano, um agregado, onde não se
identificava e nem era visto como os índios, europeus ou negros. Tinham sua
própria cultura.
O
mameluco não se via como índio, negro ou europeu, e também era rejeitado por
eles. Os europeus e índios ocupavam a faixa litorânea, e o índio a fundo das
matas e o que restava para os mamelucos era essa faixa de terra que ficava
entre esses povos, onde inicialmente não era ocupada por ninguém, por isso a
expressão terra de ninguém. Estabelecido então naquela terra de ninguém, formou
uma nova sociedade, criando uma nova cultura, falando sua própria língua.
3ª.
Frase: “Encontrando-se dispersos na terra nova, ao lado de outros escravos,
seus iguais na cor e na condição servil, mas diferentes na língua, na
identificação tribal e frequentemente hostis pelos referidos conflitos de
origem [...]”.
O
autor cita que a África era uma Babel de línguas onde cada tribo tinha um
dialeto e essas na maioria das vezes rivais. Os negros retirados de sua terra
mãe eram trazidos para o Brasil e nesse percurso eram alocados com outros de
tribos rivais tanto nas propriedades quanto nos navios negreiros.
Os
negros foram trazidos ao Brasil como escravos, onde ainda na África eram
prisioneiros de conflitos entre tribos. Esses foram vendidos aos europeus e
muitos deles arrancados de suas tribos para comercialização. Por falarem
dialetos diferentes eram transportados em meio aos seus rivais, o que
dificultava a formação de uma rebelião, e enfraquecia suas mentes. Ao chegarem
no Brasil, longe de suas raízes, sem família, sem comunicação, escravizados,
perderam muito da sua cultura original e acabaram aprendendo o português com os
portugueses que lhes gritavam.
4ª.
Frase: “Todo negro alentava no peito por uma ilusão de fuga, era
suficientemente audaz para, tendo uma oportunidade de fugir, sendo por isso
supervigiado durante seus sete a dez anos de vida ativa no trabalho”.
Conforme
o autor o negro escravizado, só poderia sair pela porta da morte ou da fuga,
pois destino do negro era morrer de estafa, pois era sua morte natural,
A violência utilizada contra o negro
escravizado era tão cruel e permanente, que ele sabia que se não fugisse o seu
destino seria morrer de estafa, então eles preferiam morrer prematuramente
durante uma fuga a continuar nesse inferno penoso. Os feitores utilizavam de
castigo chicotada s soltas para que
trabalhassem atentos e tensos e durante a semana tinha um castigo preventivo
para que eles não pensassem em fuga, muitos desses castigos eram a mutilações
de dedos, do furo de seios, queimaduras com tição, de terem todos os dentes
quebrados, enfim quem não tentaria uma fuga?
5ª.
Frase: “Por longo tempo, a população básica desses núcleos coloniais
neobrasileiros exibiria uma aparência muito mais indígena que negra e europeia
[...]”
O
autor coloca que os neobrasileiros exibiam essa aparência, pois mantinham os
costumes indígenas, pois moravam, comiam, tinham a visão do mundo e falavam o
idioma deles.
Por
muito tempo os neobrasileiros mantiveram as características indígenas, tais
como a alimentação, adaptação à natureza, conservação de antigas tradições, o
idioma Tupi, o modo de viver, ou seja, viviam como índios em alguns aspectos, a
diferença que esses neobrasileiros comercializavam não apenas para a sua
subsistência, mas para prover-se de bens. Após organizaram-se em novas
comunidades, para o desenvolvimento e crescimento dessa nação.
6ª.
Frase: “Naquela busca de sua própria identidade, talvez até se desgostasse da
ideia de não ser europeu, por considerar, ele também como subalterno tudo que
era nativo ou negro”.
O
autor cita que o brasileiro começou a surgir e a partir da estranheza que
provocava no lusitano e pela identificação como membro das comunidades
socioculturais novas, e sentia-se inferior ao lusitano, por ter a origem negra
ou indígena.
Podemos
dizer que talvez o primeiro brasileiro tenha sido o mameluco, pois os índios,
africanos e portugueses não se consideravam brasileiros, e o mameluco por ser
um ninguém, assumiu essa identidade. A formação do povo brasileiro se deu pela
mistura das raças, criando as etnias: índio+negro = curiboca, índio+branco=
caboclo, mameluco ou brasilíndio, negro+branco = mulato. Por ter origem negra
ou indígena, o brasileiro se sentia inferior ao lusitano, ainda por carregar a
imagem de serviçal. Sendo então criada uma nova protocélula cultural.
Resumo
A
expansão do domínio português na constituição do Brasil é obra dos brasilíndios
ou mamelucos.
Os
mamelucos surgiram a partir da gestação do branco ou lusitano com a índia, onde
foram rejeitados pelos pais e as índias expulsas de suas tribos. Esses acabaram
criando suas próprias tribos e utilizavam suas habilidades irem ao fundo dos
matos para capturar o índio, tanto para comercializa-los com os brancos, quanto
para seu uso próprio, ou seja, para que lhes abrissem roças, caçassem,
pescassem, cozinhassem e carregassem toda a carga.
A
rejeição de suas famílias fez o mameluco perder a identidade, pois não se
reconhecia nos índios nem europeus, criando então uma nova sociedade e
consequentemente uma nova cultura.
Os
Afro-Brasileiros
Os
negros foram trazidos para o Brasil, como escravos, pois foram capturados por
tribos rivais e comercializados por eles. Como falavam dialetos diferentes, era
mais fácil de evitar uma rebelião, pois não conseguiam se comunicar e por esse
motivo foi mais fácil aprender o português e perderem muito de sua cultura
original.
Aqui
eram maltratados e torturados, pois seus donos lhe enfraqueciam a mente para
que eles ficassem sempre submissos e oprimidos. Sua vida ativa de trabalho
ficava entre sete a dez anos e nesse período era supervigiado para que não
fugisse. Muitos deles tinham a ilusão de fuga, mesmo podendo morrer nessa
tentativa arriscada, pois a morte, suicídio, às vezes era a saída que eles
encontravam para se livrarem do inferno em que viviam.
Isso
faz com que carregamos essa terrível herança: a cicatriz de torturador, pois
somos descendentes de escravos e senhores de escravos.
Os
Neobrasileiros
Os
mamelucos se desenvolveram e criaram uma própria cultura, mas dependiam de
alguns artigos importados como sal, pólvora, instrumentos de metal, então
trocavam pelo material que eles tinham incialmente o pau-de-tinta, depois o
índio e finalmente alguma mercadora de exportação.
Eles
exibiam uma aparência mais indígena que negra e europeia, pois mantiveram os
costumes indígenas, tais como moradia, alimentação, idioma tupi e visão do
mundo.
Com
o crescimento dessa população, organizaram-se em novas comunidades, para o
desenvolvimento e crescimento dessa nação.
No
século XVIII o idioma Tupi é substituído pela portuguesa, sendo então essa
considera a língua materna dos brasileiros.
No
decorrer dos séculos ocorre o processo de sucessão com a tecnologia produtiva,
pois inicialmente era quase só indígena. Esse processo passa por técnicas
europeias integrando-se na economia mercantil e se moderniza.
Essa
evolução ocorre também com as casas dos nos núcleos, onde deixam de ser grandes
moradias que abrigavam centenas de pessoas e agora abrigam pequenas famílias,
trazendo a técnica de edificações e consequentemente empregos.
Então
ocorre a formação da população colonial onde se destaca uma camada superior,
formada por três setores letrados: uma burocracia colonial comandada por
Lisboa, que exercia as funções de governo civil e militar; religiosa e a
economia e exportação representada por agentes de casas financeiras e de
armadores, formando uma subestrutura da rede europeia, intermediada por Lisboa.
Os
Brasileiros
O nome
Brazil geralmente identificado como pau-de-tinta é na verdade o nome mais
antigo. A ilha Brasil também é citada em velhas cartas e lendas por pescadores,
mas com o descobrimento da nova terra esse nome foi quase que imediato embora
os portugueses tivesse sugerido outros nomes.
O
Brasileiro começou a surgir e a reconhecer-se a si próprio pela diferença e
estranheza que causava ao lusitano.
Podemos dizer que talvez o primeiro brasileiro
tenha sido o mameluco, pois os índios, africanos e portugueses não se
consideravam brasileiros, e o mameluco por ser um ninguém, assumiu essa
identidade. Logo surgiu o mulato, e junto com os mamelucos formaram a maioria
da população passaria ser vista como gente brasileira.
Esses
núcleos eram totalmente diferentes do europeu e manteve a herança recebida pelo
mameluco dos índios, onde aprenderam a identificar, denominar, classificar e
usar toda a natureza tropical, tanto o que era comestível quanto o que era
venenoso. Aprenderam com os índios a fabricar utensílios de cerâmica, trançar esteiras
e cestos, construir as casas mais simples ajustadas ao clima, etc.
O
surgimento da etnia brasileira foi: índio+ negro = curiboca, índio + branco =
caboclo, mameluco ou brasilindio e negro com branco = mulato.
Assim
cada uma dessas pessoas deixaram de ser um ninguém e passou a ser reconhecido
como brasileiro devido a essa identidade coletiva.