terça-feira, 28 de maio de 2013

Justificativa da Pedagogia do Oprimido

Justificativa da Pedagogia do Oprimido
O autor coloca que tanto o opressor como o oprimido são prisioneiros da desumanização: “A desumanização, que não se verifica apenas nos que tem sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente, nos que a roubam, é a distorção da vocação do ser mais” (p. 30).
Ao praticar atos humanos, mais humanidade terá. Assim ao praticarmos a desumanidade, mais desumanos nos tornaremos. Portando quando um ser se sente superior, e pensa que tem a posse do outro, o trata como um ser insignificante, este estará praticando a desumanidade, e esse ser “menos”, quando tiver a oportunidade de ter o “poder” repetirá esses atos para demonstrar sua autoridade.
Ter a sua humanidade roubada é não ter liberdade para novas conquistas e assim o autor diz: “A liberdade que é uma conquista, e não uma doação exige uma permanente busca”. (p. 34)
Essa permanente busca é a marca do inacabamento, mas o oprimido acaba se acomodando e essa condição faz com que ele tenha medo dessa liberdade, onde eles não se sentem capazes de assumir riscos e buscar novos desafios. Podemos dizer que mesmo sendo inacabado, o oprimido tem medo de repressões e por isso tem medo de avançar em busca dos seus objetivos.
Para que essa libertação aconteça é necessária uma mudança, assim como um parto, onde nasce um novo homem pela superação, não sendo mais opressor ou oprimido, mas homem liberto.
Na visão do autor “Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que amam, porque apenas se amam”. (p. 42)
A violência, tirania negação dos opressores é que faz os oprimidos homens proibidos de ser. Esse desamor recebe como resposta a violência. São homens que buscam o direito de ser.
O egoísmo do opressor apenas olhando para si, em busca do seu conforto, sem um olhar para o outro ser, é como um espelho, a imagem que se vê é a que reflete, então se reflito desamor verei desamor.
O autor diz que: “A opressão só existe quando se constitui em um ato proibitivo do ser mais dos homens”. (p. 44)
O ato de opressão ele começa quando os direitos do homem são retirados e consequentemente a sua liberdade, mas me pergunto quem tem esse direito? O “ser mais”, as vezes privilegiados pela situação financeira ou por obter mais estudo ou por deter o conhecimento, acaba tomando posse do oprimido, fazendo uso da sua vulnerabilidade. Retira a sua liberdade de expressão, e esse acaba condicionado a esse ato de opressão muitas vezes por necessidade.
A Justificativa da Pedagogia do Oprimido trata de seres dos dominantes onde a educação serve a pequenos grupos, utilizando como forma de opressão a manipulação.
Paulo Freire lança uma nova perspectiva a partir desse ponto a essa pratica pedagógica utilizando-se da pedagogia libertadora que leva os oprimidos a liberdade de expressão, constituindo um pensamento crítico considerando a bagagem do individuo. Esse ser é reumanizado e passa a ser sujeito de sua historia, se relacionando com o mundo e com os demais homens, deixando de lado o papel de receptor e tornando-se um mediador do processo. Essa pedagogia deve ser usada na promoção da reflexão sobre as causas de sua opressão e orientar para lutar contra o medo libertador, rompendo assim a manipulação, apresentando alternativas para a solução dessa relação de opressor e oprimido, evidenciando que a libertação deve ser liderada justamente pelo próprio oprimido depois de agir sobre si deve refletir o mundo e assim transforma-lo.


REFERENCIAS:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Justificativa da Pedagogia do Oprimido. 17ª. Edição, São Paulo: Editora Paz e Terra, 1987 cap. 1 p.29-56

2 comentários:

  1. Freire sempre atual. Belo artigo. O diálogo só se justifica quando os envolvidos são respeitados e incentivados na construção do conhecimento.

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  2. O "Medo da Liberdade" de que fazem objeto os oprimidos, o medo da Liberdade pode fazer com que se torne opressores também.

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